6 de janeiro de 2011

Religião no Rio e em São Paulo

Meses atrás, o Diário do Comércio me encomendou a seguinte resenha:


Em São Paulo e no Rio, o sagrado não é mais central, mas continua bem presente

Onze estudos antropológicos sobre religião foram organizados por Clara Mafra, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro-Uerj, e Ronaldo de Almeida, da Universidade de Campinas-Unicamp, no volume “Religiões e cidades – Rio de Janeiro e São Paulo”, publicado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pela Editora Terceiro Nome.
Numa apresentação, diz a professora Cecília Mariz, também da Uerj, que, na segunda metade do século passado, o Brasil é marcado pela “intensa urbanização e o surgimento das metrópoles”, com “grandes mudanças no perfil da população e em suas práticas religiosas”. Ela concorda com os autores do livro em que hoje, nas metrópoles brasileiras, “o sagrado não ocupa mais um lugar central”, como ocorria nas cidades pequenas, “construídas em torno de uma igreja”.
Mas Cecília Mariz adverte; “Menos central, mas muito mais diverso e plural, o sagrado ganha nova linguagem e continua presente tanto na vida privada dos habitantes das grandes cidades contemporâneas como nos espaços públicos, mobilizando a memória e as ações coletivas”.
No primeiro artigo, José Carlos Magnani explora a extrema diversidade dos cultos na cidade de São Paulo, que gera “impressões iniciais de caos e confusão”, segundo dizem Clara Mafra e Ronaldo de Almeida em sua própria apresentação. Na verdade, Magnani organiza esse caos, mostrando como as diferentes comunidades religiosas estabelecem “pactos de convivência”.
Em seguida, situados respectivamente em São Paulo, Macaé-RJ e Rio de Janeiro,, os artigos de Ronaldo de Almeida, Cláudia Wolff Swatowiski e Clara Mafra põem em xeque a tese muito corrente de que, nas cidades brasileiras, haveria uma divisão entre a religiosidade dos ricos e a religiosidade dos pobres, o que seria caracterizado particularmente pelo suposto segregacionismo das chamadas “seitas” pentecostais, tidas como típicas dos pobres. Esses três autores “implodem as soluções de conhecimento das religiões e das cidades a partir de um marco reificador e monotemático como o par segregação-seita”. Ao contrário, “interpretam as religiões como bússolas de orientação cultural e moral”, porém levando em conta a presença de outras realidades, inclusive de outras realidades religiosas, nas “várias camadas de história” que as cercam.
Os artigos seguintes discutem as mudanças, ao longo do tempo, das visões religiosas sobre o espaço público. Renata de Castro Menezes constata como os fiéis católicos do Rio tiveram de aprender, quando o tradicional convento colonial de Santo Antônio, dos franciscanos, se transformou recentemente num santuário, “que um santuário não realiza missas aos domingos”. Afinal, a missa de domingo nesse convento era uma referência consolidada para os católicos cariocas.
Já Edlaine Gomes descreve a evolução da transformação da Igreja Universal do Reino de Deus de uma Igreja minoritária, com templos que mal se destacavam na paisagem urbana, pois eram imóveis comuns, em Igreja triunfal, com templos e catedrais “imponentes e luxuosos”, especialmente no Rio de Janeiro.
De particular interesse para os paulistanos é o artigo sobre os festivais japoneses no bairro da Liberdade, de Rafael Shoji e Frank Usarki. Comentam os organizadores: “Surpreende como moradores que, em outro momento, foram identificados como etnias e religiões estranhas e estrangeiras, acabem tornando-se os símbolos mais evidentes de uma metrópole paulistana que se quer inclusiva e multiétnica”. E Cláudia Mesquita analisa dois filmes documentários sobre a atuação de pentecostais no Rio.
Patrícia Birman retraça a trajetória da Vila Camboá, criada também no Rio como moradia de uma maioria de pentecostais. Mas cenas típicas de São Paulo são analisadas no artigo de Delcides Marques sobre os famosos pregadores evangélicos na praça da Sé, bem diante da Catedral Metropolitana católica. Finalmente, Márcia Leite discute a cooperação entre católicas e evangélicas nas campanhas das “mães moradoras de favelas que perderam seus filhos vítimas de violência na cidade do Rio de Janeiro”.
Em suma, um livro que todos poderão ler com grande proveito.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tem um livro do autor Marcos Tadeu Cardoso intitulado de A VERDADEIRA FACE DOS LIDERES RELIGIOSOS, ele fala e desmascara o Bispo Edir Macedo e profeta William M. Branham. O autor desmascara e fala da corrupção e da manipulação dos fiéis, ele está disponibilizado gratuitamente no 4shared.
O web site dele é
http://marcostadeucardoso.blogspot.com