22 de setembro de 2010

Colonização e descolonização na África

Conforme sugestão do jornalista Thiago Domenici, responsável pelo blogue Nota de Rodapé, que é parceiro deste, segue abaixo um trabalho do curso de História que estou fazendo no Centro Universitário Claretiano.

Linha do tempo das colonizações europeias da África
Século 15 – os primeiros europeus, principalmente portugueses, chegam à África, instalando feitorias para comércio em que procuram principalmente ouro e escravos.
Séculos 16 a 19 – Intensifica-se o tráfico de escravos negros africanos rumo às Américas, por portugueses, espanhóis, ingleses, franceses e holandeses, e depois por americanos, brasileiros, cubanos e outros povos das Américas que se tornaram independentes. Os europeus, entretanto, só se estabelecem em postos costeiros, com exceção do extremo sul da África, colonizado desde o século 17 por holandeses e seus descendentes. Nas outras regiões, o avanço para o interior é impedido tanto pela resistência dos africanos como pela incidência das doenças tropicais, como a malária, febre amarela, lepra e doença do sono, contra as quais os europeus não tinham imunidade.
Século 18 – Inicia-se a Revolução Industrial na Inglaterra, gerando a necessidade de conquistar mercados adicionais, além do mercado interno, para as novas mercadorias. E gerando ainda a necessidade de obter matérias-primas do Exterior.
Fins do século 18 até meados do século 19 – Exploradores europeus começam a percorrer o interior da Europa, em expedições de reconhecimento de riquezas a serem aproveitadas, desde Mungo Park, o primeiro europeu a navegar pelo rio Níger, até.David Livingstone, que nos anos 1860 caminhou por terra entre duas feitorias portuguesas do Sul da África, Luanda, no Atlântico, e Quelimane, no Índico. Missionários europeus também colaboraram para um maior conhecimento a respeito das riquezas da África. Desenvolve-se o discurso de que os povos africanos são “inferiores” aos europeus.
1878-1898 – Em apenas vinte anos, as potências européias conquistaram praticamente todo o território africano, com exceção da Etiópia e da Libéria. Apesar da crença de que a chamada superioridade européia sobre os africanos data da Antiguidade, foi só nesse período que os armamentos europeus se tornaram melhores do que os armamentos africanos dos povos mais avançados do continente, com o desenvolvimento do rifle de repetição, mais fácil e mais rápido de carregar do que o antigo mosquete ainda usado pelos africanos; da metralhadora e da artilharia pesada. Até então, apenas os holandeses e seus descendentes haviam triunfado sobre um povo africano, mas se tratava dos Khoi, pastores nômades que só contavam com arcos e flechas, lanças e armas semelhantes, que não podiam enfrentar os mosquetes dos europeus (os bantos ainda não haviam chegado ao extremo sul da África). Agora, pela primeira vez os europeus contavam com armas melhores do que os africanos, o que explica tanto o caráter tardio da colonização da África pelos europeus como a rapidez com que ela triunfou. Cumpre notar que os governos europeus proibiram a venda das novas armas a povos não-europeus. No entanto, apesar de a supremacia européia só datar de então e de só ter sido assegurada por uma superioridade tardia em armamentos, se desenvolveu toda uma ideologia de que os europeus eram biologicamente superiores aos africanos, e isso foi inculcado nos próprios africanos, pois os europeus viviam muito mais confortavelmente do que os povos originários nas colônias, sendo fácil convencer os africanos de que eram realmente menos “eficientes” do que os europeus.
Em 1884-1885, a Conferência de Berlim sobre a África Ocidental partilhou praticamente todo o território africano entre as potências européias, com fronteiras que não respeitaram as identidades étnicas, culturais e políticas que se vinham consolidado desde séculos antes.
Século 20 até 1945 - Os tipos de colonização variaram conforme a região. Na África Ocidental britânica, os ocupantes se limitaram a extrair as riquezas locais, sem que seus colonos se estabelecessem. Colonos britânicos se estabeleceram na África Oriental e na África do Sul, onde já estavam os africâneres descendentes dos holandeses. Colonos franceses se estabeleceram na Argélia, com a perspectiva de anexá-la. Nas outras regiões africanas, os belgas, franceses, alemães, italianos, portugueses, espanhóis e britânicos praticamente se limitaram a dominar militarmente o território, confiando a tarefa de administração principalmente a elites africanas que ficavam com parte das riquezas extraídas, depois de entregarem a parte do leão para as autoridades européias.
Soldados africanos foram incorporados em massa aos exércitos de suas metrópoles e lutaram na Primeira Guerra Mundial. Entre os oficiais africanos saíram muitos quadros que se juntaram a intelectuais e políticos que desenvolveram o sentimento do nacionalismo dentro de cada colônia americana. Mais importante do que isso, os nacionalistas divulgaram entre seus povos a noção de que eram iguais em capacidades e inteligência aos povos europeus.
Depois da Primeira Guerra Mundial, as colônias alemãs ficaram sob a soberania da Bélgica, França e Grã-Bretanha, e o Egito se tornou nominalmente independente, embora ainda dominado economicamente pelos britânicos. Em 1935 a Itália de Mussolini invadiu a Etiópia, de onde os italianos foram expulsos em 1941. Os soldados africanos também participaram ativamente da luta de suas metrópoles contra a Alemanha e a Itália, na Segunda Guerra Mundial.
1945-1993 – Nesse período ocorreu a independência das antigas colônias européias na África. Logo após a Primeira Guerra Mundial, a África do Sul se tornou independente, sob o domínio dos brancos em geral e dos africâneres em particular, e instaurou o apartheid. Depois, nos anos 1950 e 1960, a maior parte das antigas colônias se tornou independente, sob o controle político das maiorias africanas, mas ainda dependentes economicamente das antigas metrópoles, na maioria por meio de acordos com a metrópole, mas, no caso da Argélia, por meio de uma guerra sangrenta. Entretanto, as colônias portuguesas, por meio de guerras, só se tornaram independentes nos anos 1970. Em 1977, o Djibuti se tornou a última colônia francesa a se tornar independente. Em 1990, a Namíbia se separou da África do Sul e, em 1993, a Eritreia se tornou independente da Etiópia. Em muitos países houve guerras civis, como no Congo ex-belga, Nigéria – e se sucederam os golpes militares em vários outros países, as guerras civis e os golpes muitas vezes fomentados pelas antigas metrópoles. Ainda hoje persistem ditaduras, em meio a graves problemas, desde os herdados dos tempos antes da presença européia, incluindo problemas muito mais agudos herdados dos tempos coloniais, até problemas novos surgidos depois da independência.

Um caso especial é o do Zimbábue.
Em 1889, a Companhia Britânica da África do Sul, chefiada pelo empresário Cecil Rhodes, recebeu uma autorização do governo britânico para controlar o comércio e a colonização na região hoje chamada de Zimbábue, Zâmbia e Malauí. Colonos brancos se estabeleceram em massa como fazendeiros no interior do país e dominaram revoltas dos povos originais principais, os Ndebele e os Shona, nos anos 1890. Os colonos brancos conseguiram a autonomia em 1923 passando a governar a colônia exceto no que se refere à defesa e às relações com o Exterior. Adotaram o nome de Rodésia do Sul, a do Norte englobando os territórios hoje chamados Zâmbia e Malauí.
Em 1953, a Rodésia do Sul formou, ainda sob o domínio branco, com a Rodésia do Norte e a Niassalândia (hoje Malauí) a chamada Federação da Rodésia e da Niassalândia. Em 1963 a Zâmbia e o Malauí se tornaram independentes, sob o domínio da maioria negra, e a Rodésia do Sul, agora conhecida só como Rodésia, continuou sob o domínio da minoria branca. Em 1965, essa Rodésia dominada pela minoria branca declarou unilateralmente a independência, não reconhecida pela Grã-Bretanha, mas teve de enfrentar guerrilheiros negros. Em 1980 a minoria branca entregou o poder à maioria negra e foi adotado o nome do Zimbábue, cuja independência foi reconhecida pelo governo britânico e pela comunidade internacional.

Referências internéticas: http://www.answers.com/topic/history-of-africa#European_trade.2C_exploration.2C_and_conquest, acessado em junho de 2010. http://www.answers.com/topic/zimbabwe, acessado em junho de 2010.

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